domingo, 15 de fevereiro de 2015

MOVIMENTO ESPÍRITA:





O que é · Movimento Espírita é o conjunto das atividades que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade.
As atividades que compõem o Movimento Espírita são realizadas por pessoas, isoladamente ou em conjunto, e por Instituições Espíritas. 
Objetivos das Entidades e Órgãos Federativos e de Unificação do Movimento Espírita:
Promover o Estudo, a Difusão e a Prática da Doutrina Espírita, procurando:
Manter um constante contato com os Grupos, Centros e Sociedades Espíritas de sua área territorial, objetivando conhecer suas atividades, suas realidades e suas necessidades;
Manter um permanente trabalho de apoio aos Grupos, Centros e Sociedades Espíritas de sua área de ação, procurando colaborar no atendimento a todas as suas atividades e necessidades;
Promover e ajudar na criação, na formação e na organização de novos núcleos espíritas, na área de sua responsabilidade;
Promover a união dos Grupos, Centros e Sociedades Espíritas e a unificação do Movimento Espírita, em sua área de ação;
Promover e realizar reuniões periódicas dos Grupos, Centros e Sociedades Espíritas de sua área de ação, propiciando a troca de informações e experiências relacionadas com suas atividades, bem como a ajuda recíproca e a programação e realização de atividades conjuntas;
Promover a união com as outras Entidades e Órgãos que lhe são congêneres de outras áreas territoriais, com vistas à unificação do Movimento Espírita em geral;
Promover a realização de cursos, encontros, seminários, reuniões e demais atividades, voltados ao trabalho de apoio ao Centro Espírita, à tarefa de difusão da Doutrina Espírita e às atividades de unificação do Movimento Espírita (FONTE: Site da Federação Espírita Brasileira).

O ESPIRITISMO E AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS:



Espiritismo não é Umbanda - FREQÜENTEMENTE, AS PESSOAS MENOS AFEITAS AO ESTUDO, CONFUNDEM O ESPIRITISMO COM OUTROS SEGMENTOS RELIGIOSOS. ISTO GERA PRECONCEITO E ATITUDES NEGATIVAS PARA AMBOS OS LADOS. NADA MELHOR QUE ESCLARECER, ENTÃO, NOSSOS LEITORES, SOBRE ESTAS QUESTÕES. O QUE HÁ DE SIMILAR, POR EXEMPLO, ENTRE ESPIRITISMO E UMBANDA?
Com todo respeito que nos merecem todas as religiões que induzam à prática do bem, respondemos que não.
Religião científico-filosófica, o Espiritismo não pretende demolir aquelas que o precederam, antes reconhece a necessidade da existência delas para grande parte da Humanidade, cuja evolução se processa lenta, mas inexoravelmente.
Espiritismo e Umbanda ensinam a reencarnação e trabalham com a mediunidade. A primeira usa o pensamento; a segunda, a Natureza.
O Espiritismo veio quando chegaram os tempos, através dos Espíritos Superiores que foram apóstolos e discípulos de Jesus quando ele esteve na Terra e que voltaram, no século passado, transmitindo seus ensinamentos a Allan Kardec, que os codificou. Ele objetiva o progresso espiritual dos homens, com a implantação da fraternidade entre eles.
Umbanda é basicamente prática religiosa dos africanos bantos e sudaneses, trazidos para o Brasil como escravos. É o resultado do sincretismo com o Catolicismo, reunindo ainda folclore, superstições e crendices, sem doutrina codificada.
A tendência natural é o umbandista se tornar espírita, como aconteceu, por exemplo, em Goiânia, à antiga Tenda do Caminho, hoje Irradiação Espírita Cristã, com um admirável acervo de obras assistenciais.
O Espiritismo não adota em suas reuniões: paramentos ou quaisquer vestes especiais; vinho, cachaça, ou qualquer outra bebida alcoólica; incenso, mirra, fumo ou quaisquer outras substâncias que produzam fumaça; altares, imagens, andores e velas; hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas; danças ou procissões; atendimento a interesses materiais, terra-a-terra, mundanos; pagamento de qualquer espécie; talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos e escapulários; administração de sacramentos, concessão de indulgências, distribuição de títulos nobiliárquicos; horóscopos, cartomancia, quiromancia e astrologia; rituais e encenações extravagantes; promessas e despachos; riscar cruzes e pontos, praticar, enfim, a longa série de atos materiais oriundos de velhas e primitivas concepções religiosas.
O Espiritismo não tem profissionais. Só amadores. Gente que ama o que faz, buscando a fé com a razão e o servir ao próximo sem qualquer recompensa material.
O Espiritismo é para ser estudado, discutido e aplicado, visando a reforma intima do seu adepto. (Fonte : Revista Espírita Allan Kardec, edição 36. VEJA MAIS!)

ESPIRITISMO NO BRASIL:




JEITO BRASILEIRO DE SER ESPÍRITA - (Entrevista concedia pela antropóloga Sandra Jacqueline Stoll, que estudou a história e linhas de força que lutam pela hegemonia do Espiritismo no Brasil à reporter Paula Barcellos, do JB Online: "Apesar de contar com 6 milhões de espíritas declarados e outros milhões de simpatizantes, a história e a prática dessa religião ainda não tinham transposto os muros acadêmicos. Para suprir essa lacuna, a antropóloga Sandra Jacqueline Stoll escreveu Espiritismo à brasileira (Edusp, 296 páginas, R$ 35), originalmente uma tese de doutorado em Antropologia Cultural na USP. Confrontando dois personagens fundamentais, Chico Xavier e Luiz Antônio Gasparetto, Sandra identificou novas linhas de força da religião espírita, desde o início dividida entre uma corrente cientificista, predominante na Europa, e outra que privilegia o aspecto moral, hegemônica no Brasil. Nesta entrevista, ela explica as novas divisões do espiritismo: de um lado, a ligação com o catolicismo, expressa na aceitação voluntária, por Chico Xavier, dos votos monásticos de pobreza e castidade. De outro, a Nova Era e a auto-ajuda de Gasparetto, que prega a realização pessoal e o sucesso.
- O que a levou a estudar o espiritismo?
- Eu tinha curiosidade de rever a interpretação da inserção do espiritismo na cultura religiosa brasileira. Quando se analisam certas tendências do campo religioso, os grupos mencionados são os católicos, os carismáticos, os neopentecostais e os grupos afro-brasileiros. Suprir essa lacuna foi uma das motivações dessa pesquisa. Mas havia também a figura extraordinária de Chico Xavier, que, apesar da unanimidade conquistada dentro e fora do meio espírita, não tinha sido ainda objeto de pesquisa antropológica. O mesmo ocorre com outro médium de destaque, Luiz Antônio Gasparetto. Suas pinturas mediúnicas chamaram tanto a atenção que ele chegou a ser levado para a Inglaterra, para se apresentar na BBC.
- No livro, você compara a doutrina espírita francesa, fundada por Allan Kardec, com a brasileira. Elas acabaram se tornando religiões diferentes? Ou as diferenças são, basicamente, resultantes de comportamentos culturais distintos?
- A doutrina de Allan Kardec teve uma larga difusão na França, assim como no Brasil, no século 19. Nestes dois países, porém, as características assumidas pela doutrina não foram as mesmas. Na França, a produção das obras de Allan Kardec tinha como tema central a teoria da evolução. Essa era a tônica dos debates científicos e religiosos na Europa na época. Já no Brasil, apenas em círculos sociais restritos esse debate encontrou ressonância. Em contrapartida, o aspecto moral da doutrina espírita foi rapidamente assimilado, por seu estreito comprometimento com o ideário cristão. O que demonstro no livro é que esse ideário foi aqui reinterpretado, criando-se um ''estilo católico de ser espírita''. O médium Chico Xavier é o paradigma dessa construção. Sua imagem pública foi construída com base na noção católica de santidade. Isso se expressa no estilo de vida por ele adotado, marcado pela incorporação gradativa dos votos monásticos católicos: obediência, castidade, renúncia aos bens materiais. Traduzidas como ''sacrifício de si'', essas práticas, juntamente à caridade, também assimilada do universo católico, conferem ao espiritismo uma marca arraigadamente católica, cultura religiosa dominante no país. Não se trata, porém, de uma outra religião, já que os preceitos doutrinários do espiritismo no Brasil são os mesmos lançados na França.
- Isso teria acontecido apenas no Brasil?
- Nos países em que a religião católica é dominante, a apropriação de elementos de sua estrutura, de sua prática ritual e ideário faz parte das estratégias de inserção de doutrinas estrangeiras. Veja como outras religiões rapidamente se apropriam de símbolos do catolicismo para facilitar sua inserção nas camadas populares: as figuras dos bispos, pastores, templos, água, batismo etc. são exemplares nesse sentido. O Brasil não foge à regra. Mas é preciso também salientar que mudanças nas relações de poder no campo religioso podem alterar esse processo. Como demonstro no livro, existem hoje outras correntes bastante influentes no campo religioso. O próprio catolicismo tenta se adaptar a essas mudanças, introduzindo, de um lado, práticas rituais que o aproximam do pentecostalismo e, de outro, estimulando as peregrinações religiosas e o culto aos santos ao estilo Nova Era. Isso também pode ser observado no universo espírita: a construção de novas sínteses em que o catolicismo não ocupa lugar central. Provavelmente, como vêm demonstrando várias pesquisas recentes, a tendência reflete o solapamento da posição hegemônica que o catolicismo ocupava no Brasil.
- É inegável a importância de Chico Xavier no espiritismo brasileiro. Pode-se dizer que sua produção literária mediúnica legitimou a idéia de imortalidade da alma, uma das principais teses espíritas, a ponto de ser aceita por praticantes de outras religiões?
- A contribuição fundamental da literatura produzida por Chico Xavier foi certamente a popularização da doutrina espírita. Suas obras, acompanhadas cronologicamente, permitem perceber que os temas fundamentais do espiritismo - a idéia da imortalidade da consciência, da evolução, do carma etc. - são introduzidos de forma gradativa, articulando-se, especialmente nos romances, por meio do enredo de histórias de vida. Realizado por mais de 70 anos, esse projeto certamente contribuiu para a disseminação da idéia da imortalidade da alma, inclusive entre os que se dizem católicos, como sinalizam várias pesquisas acadêmicas e jornalísticas.
- Quais seriam as principais tendências do espiritismo brasileiro hoje?
- O espiritismo de ''viés católico'', consolidado em torno da imagem pública de Chico Xavier, ainda é hegemônico no Brasil, mas no interior deste vêm sendo gestadas novas tendências. Hoje temos duas correntes dominantes: uma, a exemplo da orientação de Kardec, vem buscando a inovação da doutrina por meio da atualização de seus conceitos científicos; a outra busca no campo religioso sua atualização, incorporando idéias e práticas de sistemas filosóficos/doutrinários diversos, precariamente reunidos em torno do rótulo de Nova Era e com grande ênfase na auto-ajuda. A Nova Era e as novas idéias científicas relativas às origens e evolução do universo tornaram-se as suas principais fontes contemporâneas de inspiração.
- Os livros de auto-ajuda têm influenciado o espiritismo?
- Essa é uma tendência que não se verifica apenas no Brasil. Hoje em inúmeras livrarias da Índia, do Nepal, da Inglaterra, de Portugal, do Chile e da Argentina, você encontra amplas seções de livros destinados à auto-ajuda. O espiritismo no Brasil acompanha essa tendência e, diga-se de passagem, a Igreja Católica também. Chico Xavier foi o primeiro best-seller do campo espírita. Hoje os livros de outros médiuns, em especial de Zíbia Gasparetto, tomaram-lhe a dianteira. Seus livros há anos constam entre os mais vendidos. Esse sucesso, em larga medida, explica-se por uma mudança do modelo convencional da literatura espírita para o filão da auto-ajuda.
- O que muda?
- Os temas principais são os mesmos - carma, evolução, intervenção dos espíritos etc. -, porém o alvo não é a vida futura, mas o aqui e agora. Usando uma linguagem mais coloquial, moderna e situações do cotidiano, essa literatura encontra ressonância especialmente entre os segmentos de classe média, ultrapassando os limites do espiritismo. Nesse sentido, esta literatura também contribui para a disseminação de temas fundamentais da doutrina espírita. A diferença é que nessa literatura o tema do livre-arbítrio ganha centralidade, enfatizado como instrumento de ''realização pessoal'', o que permite relativizar, por exemplo, a idéia do carma como destino inexorável.
- Um autor como Luiz Antonio Gasparetto une rituais mediúnicos às temáticas da Nova Era e às práticas de auto-ajuda. Como a doutrina espírita absorve tudo isso?
- Dizem os espíritas que Luiz Antônio Gasparetto já não é mais espírita. Ele mesmo recusa essa denominação. O endosso de certas idéias e práticas da Nova Era e especialmente da auto-ajuda, segundo eles, teria produzido o seu afastamento da tradição doutrinária. Entretanto, outros grupos fizeram o mesmo e ainda são considerados espíritas. O pomo da discórdia na verdade é uma questão de ordem ética: trata-se da discordância dos espíritas com relação ao uso da mediunidade para fins privados, em especial para o enriquecimento pessoal. Aí se evidencia o modelo de virtudes católico disseminado no espiritismo por Chico Xavier, que fez da prática da mediunidade um exercício do voto de pobreza. Gasparetto, ao contrário, investe por intermédio da auto-ajuda na ética do sucesso, da prosperidade. Atua em favor do próximo, porém não por meio da caridade, mas estimulando as pessoas a buscarem por si a felicidade, o prazer, a realização pessoal. Ele tem tido enorme sucesso com esse trabalho. Sustento, apesar disso, que Gasparetto continua no campo espírita. É a partir dessa matriz que ele reinterpreta os conceitos e práticas de outras tradições.
- Projetos como os de Gasparetto podem conduzir à criação de um novo espiritismo?
- A princípio é o que ele pretendia. Mas, hoje, afirma que não é espírita. Cada sistema religioso lida com a divergência e a dissidência de modos diversos. Os espíritas se debateram no Brasil durante décadas entre duas tendências, aqueles mais afinados com o discurso científico da doutrina, e os demais sintonizados com seus valores morais. Com Chico Xavier e seus seguidores tornou-se hegemônica a segunda corrente. Hoje existem novas tendências, dentro do campo espírita, disputando espaço. Não se sabe ainda qual o desfecho dessa disputa que apenas se inicia. Mas ela, forçosamente, impõe transformações.
- Muitas pessoas hoje se assumem como espiritualistas. Como você definiria esse conceito?
- Como outros conceitos, por exemplo de Nova Era ou ''neo-esoterismo'', estes são rótulos que demarcam um campo de trocas, disputas e diálogos e não um modo de identidade. Quem se diz espiritualista pode num dado momento estar realizando meditação de estilo zen, freqüentar sessões de ioga, massagem tibetana, consumir incensos, colecionar medalhas de santos católicos. Meses depois, pode ter abandonado um ou mais destes itens e estar envolvido numa nova síntese. Esse exercício da espiritualidade pouco afeito a fidelidades institucionais é o que caracteriza a religiosidade contemporânea. Talvez seja um dos principais desafios das instituições religiosas. [28/FEV/2004 - JEITO BRASILEIRO DE SER ESPÍRITA].

ESPIRITISMO NO MUNDO:


Existe Espiritismo fora do Brasil? Sim, existe, é claro, embora que não conte com a mesma força que em nosso país. Mas, com muita alegria, ao longo destes seis anos frente ao Instituto De Divulgação Espírita André Luiz (Instituto André Luiz e Ideal André Luiz), tivemos o privilégio de entrar em contato com inúmeros irmãos e entidades internacionais, envolvidos com entusiasmo no projeto de criar, manter e ampliar casas espíritas nos lugares mais distantes do Planeta.
Dentre entre estes lugares, podemos citar: Bósnia (Movimento criado a partir de Embaixada de língua portuguesa, por funcionários espíritas), Canadá, Holanda, Suécia, Japão, Noruega, Itália, França, Venezuela, Argentina e Estados Unidos. Nestes países, assim como em muitos outros, o Espiritismo começa a andar, lenta, porém firmemente e sempre mantendo, para alegria nossa, fidelidade aos ensinamentos repassados pelos Espíritos Codificadores ao mestre Allan Kardec.
Nos Estados Unidos, porém, é onde o Espiritismo caminha com maior vigor e rapidez. Vejam na entrevista abaixo, um panorama do Espiritismo norte-americano:
P: - Quantos grupos espíritas existem nos Estados Unidos da América do Norte?
R: - Contam-se 50 grupos, dentre os quais 17 estão legalizados e 12 estão afiliados ao Conselho Espírita.
P: - Como se organiza, nos EUA, o movimento espírita?
R: - Como o movimento ainda é jovem e está em organização, os centros espíritas afiliam-se diretamente ao Conselho Espírita, com sede em Washington. Na Flórida existe uma Federação Espírita, anterior à criação do próprio Conselho. Lá os grupos podem se afiliar também àquela Instituição, que por sua vez, também é adesa ao Conselho.
P: - Esses grupos compreendem a importância de Allan Kardec?
R: - Sim, esses grupos estão conscientes a respeito da codificação do Espiritismo e procuram pautar suas atividades nos princípios básicos compilados por Allan Kardec, com base nos ensinos da espiritualidade superior. (Fonte: Site O Mensageiro, entrevista de Carlos Campetti

QUEM FOI ALLAN KARDEC?



Allan Kardec foi o criador (ou Codificador) do Espiritismo. Foi a partir de suas observações que surgiu a Doutrina Espírita, na França da século 19. Nasceu Hippolyte Léon-Denizard Rivail, em 03 de Outubro de 1804 em Lyon, França, no seio de uma antiga família de magistrados e advogados. Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdum, Suíça, tornou-se um de seus discípulos mais eminentes.
Rivail Denizard fez em Lião os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de o substituir na direção da sua escola. O discípulo tornado mestre tinha, além de tudo, com os mais legítimos direitos, a capacidade requerida para dar boa conta da tarefa que lhe era confiada. Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina, tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese.4 Lingüista insigne, conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.(Henri Sausse
Foi membro de várias sociedades sábias, entre as quais a Academie Royale d'Arras. De 1835 à 1840, fundou em seu domicílio cursos gratuitos, onde ensinava química, física, anatomia comparada, astronomia, etc.
Dentre suas inúmeras obras de educação, podemos citar: "Plano proposto para a melhoria da instrução pública" (1828); "Curso prático e teórico de aritmética (Segundo o método de Pestalozzi)", para uso dos professores primários e mães de família (1829); "Gramática Francesa Clássica" (1831); "Programa de cursos usuais de química, física, astronomia, fisiologia"(LYCÉE POLYMATIQUE); "Ditado normal dos exames da Prefeitura e da Sorbonne", acompanhado de "Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849). 
Por volta de 1855, desde que duvidou das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec entregou-se a observações perseverantes sobre esse fenômeno, e, se empenhou principalmente em deduzir-lhe as conseqüências filosóficas.
Nele entreviu, desde o início, o princípio de novas leis naturais; as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da Natureza, cujo conhecimento deveria lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso.
As suas principais obras espíritas são: "O Livro dos Espíritos", para a parte filosófica, e cuja primeira edição surgiu em 18 de Abril de 1857; "O Livro dos Médiuns", para a parte experimental e científica (Janeiro de 1861); "O Evangelho Segundo o Espiritismo", para a parte moral (Abril de 1864); "O Céu e o Inferno", ou "A Justiça de Deus segundo o Espiritismo" (Agosto de 1865); "A Gênese, os Milagres e as Predições (Janeiro de 1868); "A Revista Espírita", jornal de estudos psicológicos.
Allan Kardec fundou em Paris, a 1º de Abril de 1858, a primeira Sociedade Espírita regularmente constituída, sob o nome de "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas".
Casado com Amélie Gabrielle Boudet, não teve filhos.
Trabalhador infatigável, desencarnou no dia 31 de março de 1869, em Paris, da maneira como sempre viveu: trabalhando.
(Retirado de "Obras Póstumas", Biografia de Allan Kardec, edição IDE, e organizado por Instituto André Luiz)

ESPIRITISMO OU ESPIRITUALISMO:



Esta questão, que muitas vezes confunde inclusive aos espíritas, é respondida aqui pelo próprio Allan Kardec e inserido no Opúsculo " O que é o Espiritismo":
A. K. — De há muito tem já a palavra espiritualista uma acepção bem determinada; é a Academia que no-la dá: Espiritualista, aquele ou aquela pessoa cuja doutrina é oposta ao materialismo.
Todas as religiões são necessariamente fundadas sobre o espiritualismo. Aquele que crê que em nós existe outra coisa, além da matéria, é espiritualista, o que não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações. Como o podereis distinguir daquele que tem esta crença? Ver-vos-eis obrigado a servir-vos de uma perífrase e dizer: É um espiritualista que crê ou não crê nos Espíritos.
Para as novas coisas são necessários termos novos, quando se quer evitar equívocos. Se eu tivesse dado à minha Revista (Rèvue Spirite - nota nossa), a qualificação de espiritualista, não lhe teria especificado o objeto, porque, sem desmentir-lhe o título, bem poderia nada dizer nela sobre os Espíritos, e até combatê-los.
Já há algum tempo, li num jornal, a propósito de uma obra filosófica, um artigo em que se dizia tê-la o autor escrito do ponto de vista espiritualista; ora, os partidários dos Espíritos ficariam singularmente desapontados se, confiantes nessa indicação, acreditassem encontrar alguma concordância entre o que ela ensina e as idéias por eles admitidas.
Se adotei os termos espírita, espiritismo, é porque eles exprimem, sem equívoco, as idéias relativas aos Espíritos.
Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas. (Grifos nossos - Instituto André Luiz)
Ainda que os Espíritos fossem uma quimera, havia utilidade em adotar termos especiais para designar o que a eles se refere; porque as falsas idéias, como as verdadeiras, devem ser expressas por termos próprios.
As palavras espiritualismo e espiritualista são inglesas, e têm sido empregadas nos Estados Unidos desde que começaram a surgir as manifestações dos Espíritos; no começo e por algum tempo, também delas se serviram na França; logo, porém, que apareceram os termos espírita, espiritismo, compreendeu-se a sua utilidade, e foram imediatamente aceitos pelo público.
Hoje, seu uso está tão generalizado que os próprios adversários, aqueles que no princípio os classificavam de barbarismos, não empregam outros. Os sermões e as pastorais que fulminam o Espiritismo e os espíritas viriam produzir enorme confusão, se fossem dirigidos ao espiritualismo e aos espiritualistas.
Bárbaros ou não, esses termos estão hoje incluídos na língua usual e em todas as línguas da Europa; são os únicos empregados em todas as publicações, favoráveis ou contrárias, feitas em todos os países. Eles ocupam o vértice da coluna da nomenclatura da nova ciência; para exprimir os fenômenos especiais dessa ciência, tínhamos necessidade de termos especiais; o Espiritismo hoje possui a sua nomenclatura, tal como a Química.
As palavras espiritualismo e espiritualista, aplicadas às manifestações dos Espíritos, não são hoje mais empregadas senão pelos adeptos da escola americana.

O QUE É ESPIRITISMO






O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.
A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. 
O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários.
É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.
Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra. (Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, nº 5 O Espiritismo)
"O Espiritismo esclarecido, como o é hoje, procura destruir as idéias supersticiosas, mostrando o que há de real ou de falso nas crenças populares, denunciando o que nelas existe de absurdo, fruto da ignorância e dos preconceitos.
O sobrenatural desaparece à luz do facho da Ciência, da Filosofia e da Razão, como os deuses do paganismo ante o brilho do Cristianismo. Sobrenatural é tudo o que está fora das leis da Natureza, O positivismo nada admite que escape à ação dessas leis; mas, porventura, ele as conhece a todas?
Em todos os tempos foram reputados sobrenaturais os fenômenos cuja causa não era conhecida; pois bem: o Espiritismo vem revelar uma nova lei, segundo a qual a conversação com o Espírito de um morto é um fato tão natural, como o que se dá por intermédio da eletricidade, entre dois indivíduos separados por uma distância de cem léguas; o mesmo acontece com os outros fenômenos espíritas.
O Espiritismo repudia, nos limites do que lhe pertence, todo efeito maravilhoso, isto é, fora das leis da Natureza; ele não faz milagres nem prodígios, antes explica, em virtude de uma dessas leis, certos efeitos, demonstrando, assim, a sua possibilidade. Ele amplia, igualmente, o domínio da Ciência, e é nisto que ele próprio se torna uma ciência; como, porém, a descoberta dessa nova lei traz conseqüências morais, o código das conseqüências faz dele, ao mesmo tempo, uma doutrina filosófica.
Deste último ponto de vista, ele corresponde às aspirações do homem, no que se refere ao seu futuro; e como a sua teoria do futuro repousa sobre bases positivas e racionais, ela agrada ao espírito positivo do nosso século
."  - ALLAN KARDEC (O que é o Espiritismo)
DOUTRINA ESPÍRITA, O QUE É? É o mesmo que Espiritismo. "Espiritismo", "Doutrina Espírita" e "Doutrina dos Espíritos" significam a mesma coisa. Veja acima explicação sobre o que é Espiritismo.

A liberdade Natural e Escravidão




A liberdade natural e a
escravidão
Apresentamos nesta edição o tema n.o 34 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.
Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue. Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões para debates 
1. Que é livre-arbítrio?
2. A liberdade concedida ao ser humano é ilimitada?
3. Que pensar da escravidão e das leis que a consagraram em nosso mundo?
4. Que ocorre com as pessoas que arbitrariamente cerceiam a liberdade dos outros?
5. Quantas espécies de homens existem na face da Terra?  
 Texto para leitura

O livre-arbítrio é apanágio do ser humano

1. A liberdade é a condição básica para que a alma construa o seu destino. Apanágio do ser humano, o livre-arbítrio é a faculdade que tem o indivíduo de determinar sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais opções, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.
2. Sem o livre-arbítrio, o homem não teria mérito em praticar o bem ou evitar o mal, pois, sem poder usar livremente a sua vontade, ele não seria mais do que um autômato. Com o livre-arbítrio, ao contrário, ele passa a ser o arquiteto de sua própria existência e construtor de sua felicidade ou infelicidade.
3. A liberdade e o livre-arbítrio ampliam-se de acordo com sua elevação e conhecimento. O livre-arbítrio confere, porém, ao homem a responsabilidade dos próprios atos, por terem sido praticados livremente e de acordo com a sua própria vontade.
4. Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o homem traz, porém, inscritos na própria consciência, os limites de sua liberdade. Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas, das quais subtraia o direito de liberdade.
5. A liberdade legítima decorre da legítima responsabilidade, não podendo triunfar sem esta. A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que constituem a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos humanos.

A escravidão é um erro inconcebível

6. De acordo com a lei natural todos os seres possuem direitos. A toda criatura é concedida a liberdade de pensar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos do próximo. Ser livre é saber, assim, respeitar os direitos alheios, porque desde que juntos estejam dois homens há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar.
7. Vivemos em um planeta que se caracteriza pela predominância do mal sobre o bem. A Terra, como sabemos, é ainda um mundo inferior onde seus habitantes estão submetidos a provas e expiações. É por isso que muitos Espíritos que aqui vivem não possuem o discernimento natural para o emprego da liberdade que Deus lhes concedeu. A ocorrência de abusos de poder, manifestada nas tentativas de o homem escravizar o próprio homem, em variados graus e formas, é o exemplo típico do mau uso dessa lei natural.
8. À medida que o ser humano evolui, cresce com ele a responsabilidade sobre os seus atos, sobre as suas manifestações verbais e, até mesmo, sobre os seus pensamentos. Nesse estágio evolutivo passa a compreender que a liberdade não se traduz por fazer ou deixar de fazer determinada coisa, irresponsavelmente. Procura, então, medir sua linha de ação, de maneira que esta não atinja desastrosamente o próximo. Compreende que sua liberdade termina onde começa a do próximo, e exerce sua vontade própria de maneira mais coerente e responsável.
9. A sujeição absoluta de um homem a outro constitui, portanto, um erro gravíssimo, de conseqüências desastrosas para quem o pratica. A escravidão, seja ela física, intelectual, social ou econômica, é sempre um abuso da força e tende a desaparecer com o progresso da Humanidade.
10. Quem arbitrariamente desfere golpes cerceando a liberdade dos outros, escravizando-os pelos diversos processos que o mundo moderno propicia, sofrerá mais tarde a natural conseqüência de seus atos, e essa será a vergasta da dor, que desperta e corrige, educa e levanta para os tirocínios elevados da vida.

Há uma única espécie de homens e todos são irmãos

11. Nossa liberdade não é absoluta porque vivemos em sociedade, em que devemos respeitar os direitos das outras pessoas. É, portanto, um absurdo aceitar qualquer forma de escravidão, cuja abolição assinala um progresso inequívoco da legislação e dos costumes deste mundo.
12. Durante muito tempo, segundo a História, aceitou-se como justa a escravização dos povos vencidos nas guerras, assim como foi permitido pelas leis humanas que os homens de certas raças fossem caçados e vendidos, quais bestas de carga, na falsa suposição de que eram seres inferiores e, segundo alguns, nem mesmo pertenciam à Humanidade.
13. Coube ao Cristianismo mostrar que perante Deus só existe uma espécie de homens e que pretos, brancos, vermelhos e amarelos, somos todos irmãos.
14. Com a abolição da escravatura, todos nós podemos dispor livremente de nossa vida, o que é um grande passo, embora estejamos ainda muito distantes de uma vivência mundial de integral respeito às liberdades humanas, em que as outras formas de escravização deixem de existir, um sonho que um dia, sem qualquer dúvida, se tornará realidade no mundo em que vivemos.
Respostas às questões propostas
1. Que é livre-arbítrio? R.: Apanágio do ser humano, o livre-arbítrio é a faculdade que tem o indivíduo de determinar sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais opções, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.
2. A liberdade concedida ao ser humano é ilimitada? R.: Não. A liberdade e o livre-arbítrio ampliam-se de acordo com sua elevação e conhecimento.
3. Que pensar da escravidão e das leis que a consagraram em nosso mundo?R.: A sujeição absoluta de um homem a outro constitui um erro gravíssimo, de conseqüências desastrosas para quem o pratica. A escravidão, seja ela física, intelectual, social ou econômica, é sempre um abuso da força e tende a desaparecer com o progresso da Humanidade.
4. Que ocorre com as pessoas que arbitrariamente cerceiam a liberdade dos outros? R.: Quem arbitrariamente desfere golpes cerceando a liberdade dos outros, escravizando-os pelos diversos processos que o mundo moderno propicia, sofrerá mais tarde a natural conseqüência de seus atos, e essa será a vergasta da dor, que desperta e corrige, educa e levanta para os tirocínios elevados da vida.
5. Quantas espécies de homens existem na face da Terra? R.: O Cristianismo mostrou-nos que perante Deus só existe uma espécie de homens e que pretos, brancos, vermelhos e amarelos, somos todos irmãos.


Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 826, 829 e 843.As leis morais, de Rodolfo Calligaris, págs. 148 a 151. As leis morais da vida, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, págs. 133 e 134.